"O único partido que não usa dinheiro público é o Novo", escreveu o ex-deputado Vinicius Poit em suas redes sociais em 2020. "Sou o único candidato que não usa fundão. Devolvemos R$ 86,6 milhões do fundo partidário. Não acho justo usar dinheiro do cidadão para fazer santinho", repetiu em agosto de 2022, quando se lançou ao governo de São Paulo. "O Novo recusa esse absurdo", reiterou.

As declarações de Poit, um dos maiores entusiastas do Novo contra o uso do fundo, devem voltar à pauta nesta terça (28), quando a legenda vai deliberar sobre o uso dos rendimentos do fundo partidário, que gira em torno de R$ 1 milhão por mês.

Outro entusiasta da recusa à utilização dos recursos pelo partido, João Amoêdo, fundador da sigla, já vem criticando a decisão da legenda de rever a medida, que é considerada um de seus pilares. Embora tenha se desfiliado no ano passado, Amoêdo segue como referência para eleitores que apoiaram a candidatura dele a presidente em 2018.

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Também nesta terça (28), a convenção nacional do partido vai deliberar sobre a remuneração dos membros dos diretórios, que hoje funcionam com voluntariado. Ambos os pontos eram repetidos como um mantra por eleitores e candidatos da sigla nas últimas eleições, desde que o Novo despontou em 2018 com a candidatura presidencial de Amoêdo e elegeu Romeu Zema governador em Minas Gerais.

"O contexto político e eleitoral mudou muito desde quando o partido foi fundado, em 2011. O fundo partidário aumentou consideravelmente, as doações de pessoas jurídicas foram proibidas, as doações de pessoas físicas foram limitadas, e o fundo eleitoral, que nem sequer existia, corresponde hoje a uma cifra de quase R$ 6 bilhões. Todas essas mudanças tiveram impacto gigantesco nas últimas eleições, o que levou as lideranças do Novo a refletir sobre qual o grau de competitividade elas querem ter", disse a legenda, em nota na semana passada.