A desindustrialização extremamente prematura dos setores de maior intensidade tecnológica no Brasil, como montadoras de veículos, metalúrgicas e a indústria química e petroquímica, bloqueou o desenvolvimento do país. E será muito difícil recuperar o tempo e o espaço perdido para outros países. Essa é a conclusão de um estudo publicado pelo Nereus, Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP. Setores de menor intensidade tecnológica, como as indústrias de alimentos e bebidas, têxtil e de madeira, por outro lado, entraram em processo de desindustrialização em momento posterior ao indicado como "normal ou natural" para os padrões internacionais. O estudo "Nem toda desindustrialização é igual: por que a composição setorial da manufatura importa?", de autoria de Paulo César Morceiro, Milene Simone Tessarin e André Nassif, faz uma análise inédita do fenômeno para o Brasil, utilizando dados sobre a perda de participação da indústria no emprego total de 1985 a 2022. Um trabalho anterior dos dois primeiros autores analisou o setor como um todo, pela perspectiva do seu peso no PIB (Produto Interno Bruto).