O dólar atingiu seu menor patamar dos últimos dois anos no mercado global nesta semana. A queda se deve, em grande parte, ao êxito dos testes de vacinas para a Covid-19, o que pode significar para os mercados a retomada da normalidade no próximo ano, permitindo que investidores façam apostas em ações, títulos e moedas fora dos Estados Unidos.De acordo com o ICE U.S. Dollar Index, que monitora a cotação da moeda norte-americana contra uma série de moedas estrangeiras, como o Yen (Japão) e o Euro, ficou abaixo de 92, seu menor nível desde 2018, queda de mais de 10,5% desde março.A desvalorização global do dólar não se repete no Brasil. A moeda norte-americana iniciou o ano cotada aos R$ 4,02, mas se valorizou frente ao real com a pandemia de Covid-19 e outros fatores domésticos. No fim de outubro, o Poder360 mostrou que o real foi a 3ª moeda que mais se desvalorizou em 2020.Estrategistas do Citigroup recentemente disseram que o dólar pode sofrer queda de até 20% até 2021 se a fuga de capital estrangeiro continuar.Outras previsões são mais otimistas. Analistas do Goldman Sachs acreditam numa queda de 6% nos próximos 12 meses, e do ING, de 10%.Alguns analistas comparam a situação atual à do início dos anos 2000, quando os Estados Unidos enfrentaram deficits e investidores saíram do mercado de ações e títulos do país e foram para outros mercados globais. A queda foi de 20% em 2002.Em 2008, esperava-se que o dólar enfraquecesse em relação ao euro, mas a crise financeira provou o contrário de julho em diante.A cotação de moedas é difícil de prever porque seu comportamento é o resultado de fatores que afetam o fluxo capital, como fluxo de investimento e comércio, taxas de juros e crescimento relativo e inflação.Neste ano, o dólar subiu em março, abril e maio por causa do pânico do mercado em relação à Covid-19, mas voltou ao patamar anterior depois que o Banco Central dos Estados Unidos inundou mercados globais com dólar a partir de medidas para apoiar títulos e crédito corporativo nos EUA. Isso aconteceu por meio de swap cambial com bancos centrais estrangeiros. A queda do dólar continuou com a reabertura de economias a partir de junho.Agora, o sucesso das vacinas somado às expectativas de uma política comercial menos antagonista de Joe Biden deve incentivar o crescimento global e tornar o ambiente de mercado financeiro mais atrativo. Nesse cenário, é muito provável que investidores vendam ativos dos Estados Unidos e comprem em outros países –o que significa, também, vender dólar, puxando seu valor para baixo.