-Imagem (1.635273)A cadeia produtiva do artesanato no Tocantins movimenta cerca de R$ 18 milhões anualmente, mas com potencial de crescer até 30%, se investir em ações voltadas para melhorias na gestão interna dos grupos de produtores, controle de receitas e despesas, embalagens e logística para o envio de produtos, e na comunicação. É o que revela o Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Artesanato no Tocantins feito pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa no Estado (Sebrae-TO). A pesquisa socioeconômica, que foi feita em 43 municípios, em todas as regiões do Tocantins, incluindo seis etnias indígenas (Avaé, Karaja, Krahô, Pancararu, Xerente, Krahô Canela), traçou o perfil dos artesãos no Estado. Os 43 municípios pesquisados somam 2.171 artesãos, destes 1.314 são indígenas (61%), outros são 571 (26%), e as comunidades tradicionais são 286 (13%). “O resultado do diagnóstico trouxe algo novo para o Sebrae, porque nós ainda não temos um trabalho voltado para esses povos. O indígena é pouco assistido pelas entidades de fomento”, avalia a diretora-técnica do Sebrae-TO, Mila Jaber, enfatizando que o mercado demonstra que o produto indígena tem alto valor agregado e uma grande aceitação no mercado, porque vende história, conceito e tradição. RendaO diagnóstico mostra a importância do artesanato como fonte de renda. Conforme o Sebrae, 71% dos artesãos tocantinenses têm na atividade sua única fonte de renda, enquanto 29% têm outros trabalhos remunerados. Entre os indígenas esse percentual é ainda maior, 77% deles têm como principal fonte de renda o artesanato. Nas comunidades tradicionais este percentual é de 59% e entre outros artesãos é de 65%. “Esse dado reforça a necessidade desse público incrementar sua produção a partir de conceitos inovadores, apostando em designer e gestão profissional. Dessa forma, agrega-se mais valor ao produto e consequentemente aumenta a renda do artesão”, destaca Mila. A renda média mensal de um artesão de comunidade tradicional é de R$ 215,34, enquanto os indígenas faturam em média R$ 149,50 por mês e outros artesãos chegam a ganhar R$ 426,87. No geral, a renda média mensal do artesão no Tocantins é R$ 231,13. Sobre o fato da renda mensal do artesão indígena ser tão baixa em relação aos demais, Mila pontua que os índios ainda não perceberam o valor que têm em mãos e o talento. “Eles ainda não têm visão de negócio. Então, a partir do momento que o Sebrae iniciar o trabalho com foco nesta parceria, a ideia é transformar esse modelo produtivo e mostrar para os indígenas a importância e tornar o artesanato uma fonte de renda de fato”, avalia. Segundo ela, atualmente a maioria dos indígenas no Estado vive de bolsas governamentais, a exemplo da Bolsa Família, no entanto, o artesanato pode agregar a essa fonte de renda e melhorar a qualidade de vida dessas comunidades. CenárioSegundo Mila, no Estado existem alguns municípios nos quais a atividade artesanal está mais consolidada, a exemplo de Ponte Alta do Tocantins, considerada o portal do Jalapão. “Lá nós encontramos associações organizadas, com diretorias constituídas”, diz, acrescentando que esses artesãos já trabalham de forma independente o processo de comercialização, têm conhecimento de formação de preço, gestão e participam de feiras nacionais e internacionais. A diretora-técnica do Sebrae destaca que mais de 15% dos artesãos são empreendedores individuais. “No entanto, temos mais de 70% deles atuando na informalidade. Eles precisam entender a importância da formalização para a cadeia produtiva e para a economia local.” Mila defende que o artesão tocantinense deve valorizar a matéria-prima local e fazer com que o artesanato seja comercializado com a identidade e marca do Tocantins.-Imagem (1.635235)-Imagem (1.635272)