Com 20.023 indígenas vivendo no Tocantins, segundo o Censo mais recente do IBGE, temas como saúde, educação, infraestrutura, acessibilidade, oportunidades, turismo, concurso, acesso e apoio do Estado e violência contra as mulheres e crianças indígenas estão entre os principais temas que impactam a população originária do Estado. Os problemas pautaram o I Encontro de lideranças indígenas do Tocantins ocorrido na quarta-feira, 16, e quinta-feira, 17, no Palácio Araguaia.O coordenador da Funai Araguaia Tocantins, Pedro Paulo Gomes Xerente, frisou as demandas de economia nas comunidades. “Levar desenvolvimento ao nosso povo, para que o artesanato seja valorizado, que haja estrutura dentro das comunidades para que possa gerar renda de forma legal dentro do turismo, comercialização de alimentos e alimentação escolar”. O coordenador também lembra sobre a segurança dentro das comunidades e oportunidades de trabalho às mulheres.Situação enfatizada por Lenimar Werreria, que também lembrou da saúde direcionada às mulheres indígenas. “Muitas vezes somos acometidas de alguma patologias e precisa de um tratamento direcionado, e não temos. Perdemos mulheres por isso. São aldeias difíceis para estar saindo nossos pacientes. É importante que a saúde da mulher seja atendida de forma digna”.Ela também reforça a segurança e inclusão das mulheres indígenas às pastas do Estado. “Nos sentimos excluídas dessas pastas direcionadas, por exemplo, à habitação. Se andarem nas nossas aldeias, vão perceber a falta de habitação. Toda mulher independente de raça e cor sonha em ter casa própria”.O pedido para construção de escolas com quadra coberta e refeitório para as crianças também foi citado. “Andando por aí, vemos escolas de tempo integral que dão dignidade para as crianças da cidade e capital, queremos fazer parte dessas políticas”.Ele também trouxe à tona a situação do concurso público de educação aos indígenas. “Sou professor e o concurso que foi realizado aqui infelizmente poucos indígena passaram. Não era nossa realidade. Queria que o secretário de educação do estado fizesse um concurso específico ao nosso povo, temos professores mestres e doutores e capacitados para o processo. O que caiu não tem nada a haver com a nossa realidade”.A falta de proximidade com o estado também foi apontado por Davi Apinajé. “Enfrentamos muita dificuldade em dialogar com o governo do estado. Somos vereadores e precisamos levar as demandas. Somos cobrados. A população que é da base acredita que somos capazes de resolver os problemas”.Para Aparecida Apinajé, as demandas estão relacionadas às questões de infraestrutura.“É o elo de ligação entre as cidades, escolas, os transportes da educação e saúde também. Infelizmente não há reparação das estradas e ficam intransitáveis causando a paralisação dos transportes escolares e aulas paralisadas”.Ela também pede que a regulação da saúde, que é em Augustinópolis, seja mudada para Araguaína. Um outro pedido é apoio às mulheres voluntárias da brigada. “Cuidar e preservar o território é fundamental, queremos apoio para a brigada voluntária, que são 43 mulheres, mães e professoras”.Adão Xerente comentou sobre os incêndios descontrolados e cobrou um projeto ou parceria do governo estadual para que haja educação ambiental nas escolas e aldeias para que continue durante seis meses. Outro ponto também comentado por Adão e entre outras lideranças, é a manutenção de estradas.“Sem estrada não funcionam educação, atendimento a pacientes, trabalho da Funai, trabalho da secretaria ou saúde”. Ele também pediu urgência da realização de concurso para os indígenas, pois, “esse concurso não era para os indígenas terem aprovação, a prova disso está aí: grande índice de reprovação”.De acordo com a Secretaria dos Povos Originários, a gestora Narubia Werreria, disse que as articulações em andamento junto com outras secretarias e entidades federais para buscar “etnodesenvolvimento econômico sustentável; a valorização cultural; a segurança e o acesso à justiça; a captação de recursos; o fomento à integração institucional; a gestão territorial e gestão participativa”.