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TEC x Moto Club: 'Precisamos nos condicionar mentalmente', diz técnico do verdão para a disputa

O confronto será neste domingo (21), no Ribeirão e vale a vaga para a 2ª fase da competição

Modificado em 24/08/2024, 20:52

Técnico Reginaldo França

Técnico Reginaldo França (Reprodução/Tocantinópolis)

O Tocantinópolis e o Moto Club entram em campo neste domingo (21), às 16h, no Ribeirão, casa do TEC. O embate vale pela última rodada da fase de grupos da Série D, ambas as equipes se enfrentam de olho em uma vaga na 2ª fase da competição.

Em entrevista ao JTo na tarde desta sexta-feira (19), o técnico Reginaldo França apontou os principais ensinamentos que ele tirou dos últimos jogos.

"Os principais pontos que nós tiramos desse momento difícil que passamos é que precisamos condicionar melhor mentalmente. Isso eu não abro mão, o jogo é muito mais mental na cabeça do que nos pés", completou.

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O técnico frisou que um dos pontos positivos na disputa é o fato do jogo decisivo ser no Ribeirão. "O jogo ser aqui na nossa casa é um ponto importantíssimo, porque treinamos todos os dias no João Ribeiro e fazer esse último jogo na nossa casa é muito importante, só que nós precisamos ter um cuidado muito grande por achar que será na nossa casa e será fácil", afirmou.

Os ingressos para o confronto já estão à venda no comércio local. Os bilhetes custam R$ 10 antecipadamente e R$ 20 no dia da partida.

O torcedor interessado em comprar o vale para a partida deve procurar os seguintes locais: Sede do TEC, port Bar, Casa da Ração e Companhia, Dona Maria Store, Farmácia Nova Farma, Adega Champions, Adega Ponto Certo, JL Pneus, Constrular, Supermercado Bom Sucesso e Kadu.com.

Em relação ao adversário, Reginaldo avaliou como uma equipe muito forte e de tradição. Ele acredita que não será um duelo fácil.

"O seu histórico já diz por si, eles estão com um treinador que eu conheço, muito competente. E a gente sabe dos jogadores que estão lá, conhecemos uma boa parte, eles vêm com um jogador também do sub-20, bons jogadores, então nós temos que ter total respeito, muita atenção, muito cuidado, mas colocar o nosso jogo em prática" disparou.

Arbitragem da partida

Rafael Martins de Sá será o Juiz e será auxiliado por Natal da Silva Ramos Júnior (assistente 1), Samuel Smith Nobrega Silva (assistente 2), e Eduardo Fernandes Teixeira (quarto árbitro). O trio de auxiliares é do Tocantins.

*Raquel Oliveira é integrante do programa de estágio entre Jornal do Tocantins e Universidade Federal do Tocantins (UFT), sob orientação de Vilma Nascimento

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Cidades

Morre no hospital motorista que foi baleado em pátio de oficina após discussão no trânsito

Kaíque Barros de Abreu morreu neste sábado (5), no Hospital Regional de Araguaína. Suspeito do crime está foragido

Modificado em 05/04/2025, 14:12

Câmera de segurança registrou tiroteio

Câmera de segurança registrou tiroteio (Reprodução/ Portal Alta Tensão)

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou a morte de Kaíque Barros de Abreu, de 32 anos, neste sábado (5). Ele estava internado no Hospital Regional de Araguaína desde o dia 7 de março, quando foi baleado no pátio de uma oficina após uma discussão no trânsito. O suposto atirador está foragido.

Um cartaz de procurado do suspeito foi divulgado pela Secretaria da Segurança Pública, que o identificou como Alailson Sousa Lima. A 2ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP - Araguaína) segue investigando o caso. O inquérito policial deve ser finalizado nos próximos dias, com o indiciamento do autor por homicídio.

Segundo a Polícia Militar (PM), no dia do crime, os dois homens discutiram e depois Kaíque levou o caminhão que dirigia para o conserto na oficina. Logo depois, foi surpreendido pelo agressor armado.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi chamado e prestou os primeiros socorros à vítima, levada estado grave ao Hospital Regional de Araguaína.

Em vídeo feito por uma câmera de monitoramento foi possível identificar o suspeito. As imagens mostram que Kaíque tentou correr ao perceber a presença do autor, mas acabou sendo baleado pelas costas.

Informações sobre o paradeiro do suspeito podem ser relatadas de forma anônima para a 2ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP - Araguaína), pelo telefone (63) 3411 7366 ou pela Central 197.

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Cidades

Policial penal acusado de matar militar e ferir outras quatro pessoas é condenado a mais de 50 anos de prisão

Réu é Leonildo Sousa Cruz, 30 anos. O tiroteio aconteceu em 2022, durante uma festa em Augustinópolis. Todos os policiais envolvidos são das forças de segurança do estado do Pará

Modificado em 05/04/2025, 13:06

Leonildo Sousa Cruz teve a prisão em flagrante decretada ao tentar fugir após o crime (Reprodução/Policia Civil)

Leonildo Sousa Cruz teve a prisão em flagrante decretada ao tentar fugir após o crime (Reprodução/Policia Civil)

O policial penal Leonildo Sousa Cruz, 30 anos, foi condenado a 53 anos de prisão pelohomicídio do policial militar Hudson Thiago Lima de Almeida e por tentativa de assassinato de outras quatro pessoas. Os policiais eram servidores das forças de segurança do Pará.

O crime aconteceu em abril de 2022, durante uma festa em um bar de Augustinópolis, no norte do Tocantins. A investigação da Polícia Civil apontou que Leonildo fez 15 disparos, causando perigo para todos que estavam no local. Além de matar Hudson Thiago, ele baleou o PM Ronaldo da Silva Macedo, também do Pará.

Com base na investigação, o Tribunal do Júri da Comarca de Augustinópolis o considerou culpado pelos crimes de tentativa de homicídio qualificado, por motivo fútil e perigo comum, com a agravante de violação de dever inerente ao cargo, por ter utilizado a arma funcional para atacar as vítimas.

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins, que faz a defesa de Leonildo, informou que não comenta decisões da Justiça envolvendo julgamento de pessoas assistidas.

O juiz Alan Ide Ribeiro da Silva desconsiderou a confissão e o arrependimento do réu. Conforme a sentença, a confissão não teve respaldo nas provas apresentadas e o arrependimento não foi comprovado por ações concretas.

Alan Ide determinou a execução imediata da pena, com a expedição da guia de execução provisória e a manutenção da prisão preventiva de Leonildo Sousa Cruz.

Na decisão, o juiz considerou o risco de fuga e a gravidade dos crimes a que o réu demonstra personalidade agressiva e violenta, pois esteve envolvido em outra situação com uso de arma de fogo.

Policial penal Leonildo Sousa Cruz foi condenado a 53 anos de prisão (Arquivo pessoal)

Policial penal Leonildo Sousa Cruz foi condenado a 53 anos de prisão (Arquivo pessoal)

Relembre o crime

O tiroteio aconteceu na madrugada do dia 10 de abril, após uma confusão que teria sido iniciada pelo tio e o irmão de Leonildo Sousa. Durante a briga, o investigado teria sacado uma pistola 9mm, com munição expansiva e letal, descarregando o pente em meio a multidão de cerca de 300 pessoas.

Segundo a Polícia Civil, Hudson Thiago foi baleado no chão logo após ter alcançado sua arma e não conseguiu dar nenhum disparo. O segundo PM que estava no local foi baleado e só depois teria dado três tiros para o alto para dissipar as demais pessoas que estavam no local.

Pelas provas reunidas durante a investigação, foi possível verificar que o policial penal, buscando ceifar a vida dos policiais militares teria efetuado, pelo menos, 15 disparos com a sua arma funcional 9mm. A maioria dos tiros foi realizada a esmo, ou seja, à sua própria sorte, sem que o atirador tivesse uma mira definida do seu alvo", afirmou o delegado.

Como os tiros aconteceram durante um tumulto generalizado, outras três vítimas que não tinham envolvimento com a confusão foram atingidas enquanto buscavam abrigo.

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Cidades

Agressões e pedido de socorro: o que se sabe sobre suspeito preso por tentativa de feminicídio contra namorada

Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, sofreu diversos ferimentos na cabeça e está internada no HGP. Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos, foi preso por tentativa de feminicídio

Modificado em 05/04/2025, 09:59

Gilman Rodrigues era namorado da vítima, segundo a Polícia Civil

Gilman Rodrigues era namorado da vítima, segundo a Polícia Civil (Reprodução/g1 Tocantins)

A tentativa de feminicídio sofrida por Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, levaram as autoridades a prenderem o namorado dela, Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos, como principal suspeito do crime. Os dois estavam em uma chácara de Caseara e a vítima foi espancada após uma discussão.

A Polícia Civil está investigando o caso e o suspeito está preso desde quinta-feira (3) . Veja o que se sabe até o momento sobre a investigação:

Quem é o suspeito?

Gilman Rodrigues da Silva era namorado de Delvânia. A Polícia Civil descobriu durante a investigação do caso que eles começaram a se relacionar no segundo semestre de 2024.

Relatos de pessoas próximas ao casal informaram que a relação era marcada por momentos de violência, geralmente ligadas a ciúmes. Inclusive ocorreu um episódio de agressões durante uma viagem do casal ao Maranhão, segundo testemunhas.

O advogado de defesa de Gilman informou que vai se manifestar no processo.

Quando e onde aconteceu o crime?

De acordo com as informações da Polícia Militar (PM) e da investigação da Polícia Civil, o crime aconteceu em uma chácara localizada na zona rural de Caseara, no dia 22 de março deste ano. O local seria de propriedade de Gilman.

Como Delvânia pediu socorro?

Os policiais apuraram que enquanto estava sendo espancada, Delvânia pediu ajuda pela internet, mandando mensagens em um grupo de WhatsApp que segundo delegado José Lucas Melo, tinha a participação de diversas pessoas da cidade de Caseara.

Delvânia, inclusive, chegou a mandar fotos da mão machucada. Ela teria sido agredida com um cabo de rodo, principalmente na região da nuca. Quando ela desmaiou, Gilman teria fugido do local, segundo a investigação, com destino a Palmas.

Como o suspeito tentou despistar as agressões?

No mesmo grupo de WhatsApp onde Delvânia pediu ajuda para escapar das agressões, Gilman teria enviado mensagens 'desmentindo' a namorada , tranquilizando os participantes e afirmando que estaria tudo bem.

"O senhor Gilman também manda mensagem nesse grupo tranquilizando a população afirmando que não estava acontecendo nada, que a mulher estava descontrolada. Esse comportamento foi importante porque ele coibiu a intervenção de terceiros", explicou o delegado José Lucas Melo.

Qual o estado de saúde da vítima?

Delvânia sofreu vários ferimentos pelo corpo, principalmente na cabeça. Um caseiro a encontrou e a Polícia Militar foi chamada para ir ao local. A equipe acionou uma ambulância.

Ela chegou a ser atendida em um hospital da cidade, mas devido à gravidade dos ferimentos, foi transferida para o Hospital Geral de Palmas (HGP) no dia 23 de março.

Nesta sexta-feira (4), a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO) informou que Delvânia segue sob os cuidados médicos da equipe multiprofissional do HGP.

Quando o suspeito se apresentou à polícia?

Somente no dia 23 de março o caso foi registrado na Central de Atendimento à Mulher 24h, em Palmas. Depois foi encaminhado à Delegacia de Paraíso do Tocantins para início da investigação.

Três dias após as agressões, no dia 25 de março, Gilman se apresentou na delegacia de Paraíso, acompanhado de um advogado. Ele prestou depoimento e, por não estar em situação de flagrante, foi liberado.

Na versão de Gilman, ele agiu em legítima defesa. Mas de acordo com o delegado José Lucas, o primeiro depoimento apresentou diversas divergências com relação à dinâmica das agressões.

"Se ele alega que estava sendo agredido, é um comportamento que é contraditório ao de mandar mensagem no Whatsapp afirmando que a situação está tranquila, acalmando as pessoas que recebem essas imagens e retardando que alguém compareça no local", considerou o delegado.

Quando o suspeito foi preso?

O cumprimento de mandado de prisão preventiva, que havia sido pedido pela polícia à Justiça, aconteceu na quinta-feira (3). Ele foi informado sobre a ordem no momento em que estava na delegacia para prestar o novo depoimento sobre o caso.

O delegado informou que no momento da prisão Gilman preferiu se manter em silêncio. Ele foi levado à Unidade Penal de Paraíso do Tocantins, onde está à disposição do Poder Judiciário.

Para pedir a prisão, a polícia considerou a quantidade de golpes recebidos pela vítima e a fuga do suspeito após o espancamento, situações que levaram ao pedido de prisão. Outro ponto considerado pela investigação foi sobre um registro de ocorrência por violência doméstica contra a ex-mulher do suspeito, o que significa que ele seria reincidente na prática de agressões contra mulheres.

Qual crime ele está respondendo?

O caso está sendo apurado pela 5ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Paraíso do Tocantins e 54ª Delegacia de Polícia Civil de Caseara. Gilman vai responder pelo crime de tentativa de feminicídio.

"Nos próximos dias o inquérito será concluído e encaminhado ao Ministério Público para a adoção das medidas legais cabíveis", afirmou o delegado em entrevista coletiva realizada após a prisão do suspeito.

Se condenado, a pena prevista para o crime pode chegar a 40 anos, segundo a autoridade.

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Opinião

Escola em Tempo Integral: repensando um modelo que precisa evoluir

Luciano Silva Gomes Milhomem é Major da Polícia Militar do Estado de Tocantins

Luciano Silva Gomes Milhomem é Major da Polícia Militar do Estado de Tocantins (Arquivo Pessoal)

A implementação das escolas de tempo integral no Brasil tem sido amplamente defendida como uma solução para melhorar o desempenho dos alunos, reduzir a evasão escolar e oferecer mais oportunidades de aprendizado. No entanto, apesar das boas intenções por trás desse modelo, sua aplicação tem revelado falhas estruturais e pedagógicas que precisam ser debatidas.

Atualmente, o tempo integral vem sendo adotado de maneira quase padronizada, sem considerar as particularidades regionais, as necessidades dos alunos e as condições das escolas. Em muitos casos, ele acaba se tornando mais um modelo pensado para atender às demandas das famílias do que, de fato, para aprimorar a educação. Os pais enxergam a escola como um espaço seguro para deixar seus filhos durante o dia inteiro, enquanto trabalham. No entanto, essa permanência prolongada pode ser prejudicial para diversos estudantes, principalmente aqueles com dificuldades de aprendizagem ou que necessitam de acompanhamento específico.

Um dos maiores desafios desse modelo é o impacto negativo na formação pedagógica dos alunos. Para estudantes neurodivergentes, como aqueles com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), passar tantas horas dentro da sala de aula pode ser um fator de estresse e desmotivação. O ideal para esses alunos seria um sistema mais flexível, no qual frequentassem as disciplinas curriculares durante a manhã e, no contraturno, tivessem acesso a atividades extracurriculares e a um acompanhamento psicopedagógico especializado.

Além disso, o tempo integral, da maneira como vem sendo aplicado, dificulta a realização de aulas de reforço para alunos que apresentam dificuldades no aprendizado. Não se trata apenas de mais tempo na escola, mas sim de tempo bem aproveitado. Hoje, muitas escolas recebem estudantes que chegam a segunda etapa do ensino fundamental sem saber ler ou escrever corretamente. No Colégio Militar do Estado de Tocantins -- Unidade 1, onde sou diretor, recebemos recentemente 11 alunos que não foram alfabetizados. Antes, já enfrentávamos o desafio de trabalhar com analfabetos funcionais, estudantes que ao menos sabiam escrever o próprio nome. Agora, no entanto, há alunos que sequer conseguem fazer isso. Isso evidencia um problema ainda mais profundo: a necessidade urgente de um trabalho de qualidade na educação das séries iniciais, responsabilidade dos municípios. Se o ensino básico não for eficiente, toda a estrutura da educação será comprometida nos anos seguintes.

Outro ponto crítico é a falta de estrutura das escolas para funcionar em tempo integral. Muitas unidades foram projetadas para funcionar apenas em meio período e agora enfrentam problemas de infraestrutura, alimentação e climatização. No meu colégio, por exemplo, a climatização das salas é insuficiente devido às instalações elétricas antigas, e os aparelhos de ar-condicionado frequentemente desligam por sobrecarga. Em um estado quente como o Tocantins, isso torna o ambiente de aprendizagem extremamente desconfortável. Como exigir que um estudante mantenha a atenção e o rendimento em uma sala abafada, durante um período estendido?

A situação dos profissionais da educação também é preocupante. A ampliação da carga horária dos coordenadores de área em sala de aula prejudicou o acompanhamento pedagógico da escola. Antes, esses profissionais podiam se dedicar ao planejamento educacional, ao apoio aos professores e ao desenvolvimento de estratégias pedagógicas. Agora, com mais horas de aula obrigatórias, sua atuação estratégica foi enfraquecida, impactando diretamente a qualidade do ensino e gerando sobrecarga nos coordenadores pedagógicos e nos servidores da Equipe Multiprofissional.

Outro aspecto essencial que não pode ser ignorado é a falta de incentivos financeiros para os profissionais que atuam nesse modelo. A educação em tempo integral exige uma dedicação muito maior dos professores e demais servidores da escola. Muitos passam o dia inteiro na instituição, sem sequer retornar para casa para fazer suas refeições. Além do desgaste físico e mental, essa carga de trabalho intensa não é compensada com gratificações ou incentivos financeiros adequados. O governo federal precisa direcionar mais verbas para fomentar essas atividades dentro das escolas de tempo integral, garantindo melhores condições de trabalho e remuneração diferenciada para os profissionais que se dedicam integralmente à educação desses alunos. Sem esse investimento, o modelo de tempo integral se torna insustentável a longo prazo.

Além dos problemas estruturais e pedagógicos, há ainda uma questão que reflete a mentalidade equivocada sobre a educação: a falta de envolvimento de muitos pais na formação dos filhos. Recentemente, no Colégio Militar do Tocantins - Unidade 1, adotamos a prática de enviar notificações aos responsáveis, via WhatsApp, sempre que um aluno deixava de realizar suas atividades em sala. O objetivo era claro: manter os pais informados e incentivá-los a acompanhar a vida escolar de seus filhos. A reação de muitos foi, no mínimo, alarmante. Vários responsáveis reclamaram que estavam sendo "incomodados" e se sentiram "constrangidos" por receber essas mensagens.

Isso demonstra um problema ainda mais grave: a falta de compromisso de algumas famílias com a educação dos filhos. Como pode um pai ou mãe se sentir incomodado por ser informado de que o filho não está cumprindo suas obrigações escolares? Esse tipo de postura apenas reforça a tese de que, para muitos, a escola de tempo integral se tornou um "depósito de crianças", onde a responsabilidade pelo aprendizado recai inteiramente sobre os professores e servidores da educação. Mas educação não funciona assim. A escola tem um papel essencial, mas a formação educacional é uma responsabilidade compartilhada entre a escola e a família. Se um desses pilares falha, todo o sistema entra em colapso.

Diante desses desafios, proponho uma reformulação do modelo de tempo integral. Em vez de manter os alunos presos em um currículo rígido ao longo de todo o dia, as escolas deveriam adotar um formato mais dinâmico. As disciplinas curriculares poderiam ser concentradas no período da manhã, enquanto a parte da tarde seria dedicada a atividades extracurriculares como dança, teatro, práticas esportivas, xadrez, música, além de outras atividades que estimulem o desenvolvimento dos alunos. Além disso, o contraturno deveria ser utilizado para aulas de reforço e para um acompanhamento especializado dos alunos com dificuldades de aprendizagem. O Estado, por sua vez, precisa garantir a contratação de profissionais como psicopedagogos, que possam atender alunos com necessidades específicas, e professores focados na alfabetização de estudantes que ainda não dominam habilidades básicas.

O governo federal também deve repensar a destinação de verbas para essas escolas, assegurando um financiamento que permita não apenas a manutenção da infraestrutura e das atividades extracurriculares, mas também o pagamento de gratificações aos profissionais da educação. A valorização dos professores e servidores é um fator essencial para o sucesso do ensino integral, pois são esses profissionais que fazem o modelo funcionar na prática. Sem incentivos, o risco é que o tempo integral acabe sendo apenas uma carga horária excessiva, sem o retorno esperado na qualidade do aprendizado.

A escola de tempo integral pode ser uma ferramenta poderosa para transformar a educação, mas apenas se for implementada de forma inteligente e adaptada às reais necessidades dos alunos. Sem estrutura, sem planejamento pedagógico adequado, sem incentivos aos profissionais e sem o envolvimento das famílias, esse modelo pode acabar fazendo mais mal do que bem. Educação de qualidade não se faz apenas com carga horária ampliada, mas com estratégias eficazes e com o compromisso de todos os envolvidos.

Luciano Silva Gomes Milhomem é Major da Polícia Militar do Estado de Tocantins e atualmente, diretor do Colégio Militar do Estado de Tocantins -- Unidade 1. É bacharel em direito, especialista em ensino de comunicação e mestre em comunicação e sociedade pela Universidade Federal do Tocantins.

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