Nesta quinta-feira (22) celebramos o dia do folclore, a rica tradição de narrar e preservar lendas que são passadas de geração em geração. Em Porto Nacional, região central do estado, uma das histórias contadas é a da serpente Boiúna, que segundo a tradição local, permanece adormecida sob a Catedral Nossa Senhora das Mercês.Para entender melhor essa lenda, o JTo conversou com Everton dos Andes, criador do espetáculo “A Caçada da Boiúna e os Bonecos Gigantes de Porto Nacional”. A lenda, que é um pilar do patrimônio cultural local, ganha vida por meio dos bonecos e tem sido um marco na cidade por mais de duas décadas."A lenda diz que a Boiúna, uma gigantesca cobra encantada, está adormecida sob a Catedral Nossa Senhora das Mercês. Acredita-se que sua cabeça esteja enterrada sob a igreja e a cauda do outro lado do rio. A lenda também afirma que, se a Boiúna fosse desenterrada, a cidade seria inundada", revela Everton.Leia Também: - cavalhadas: entenda tradição no Tocantins que recria batalhas medievais- 'Minha Voz é Resistência': apresenta show de empoderamento negro e de luta contra o racismoO artista explica que a história da Boiúna tem várias versões, o que reflete a rica tradição oral que caracteriza as lendas. Em algumas narrativas, a serpente é descrita com grandes chifres e uma cabeça imensa, enquanto outras versões falam de uma cobra capaz de engolir pessoas com facilidade. "Essas variações são comuns em lendas, que evoluem e se adaptam conforme são contadas e recontadas ao longo dos anos", afirma.A lenda está interligada com outras histórias locais através do rio. "Nossas lendas, como a do Nego d'Água e a da Sereia da Pedra, estão todas conectadas ao rio e suas margens. Elas emergem das barrancas e se incorporam ao imaginário popular", afirma Everton.A história da serpente não é apenas uma história local, mas também um símbolo da resistência cultural em Porto Nacional. Everton destaca que a Boiúna se tornou um ícone por meio do espetáculo "A Caçada da Boiúna e os Bonecos Gigantes", que celebra e critica ao mesmo tempo, as mudanças causadas pelo lago que inundou partes da cidade e transformou sua paisagem."O espetáculo surgiu como um protesto contra a perda de patrimônio e se transformou em uma celebração da nossa cultura. Ele não só preserva a lenda, mas também promove o turismo e mantém viva a tradição", explica Everton.A transmissão das lendas em Porto Nacional ocorre principalmente por meio de apresentações como essa. "Quando levamos o espetáculo para as escolas, começamos com uma palestra onde falamos sobre a lenda da Buiúna, compartilhamos diversas versões da história e discutimos sua relevância cultural", finaliza.*Morgana Gurgel é integrante do programa de estágio entre Jornal do Tocantins e Universidade Federal do Tocantins (UFT), sob orientação de Vilma Nascimento -Imagem (1.2800043)