No auge da onda "Harry Potter" que varreu o planeta a partir de 1997, Harold Bloom escreveu um artigo no Wall Street Journal que levava o seguinte título: "35 milhões de compradores de livros podem estar errados? Sim". Bloom, talvez o crítico literário mais influente das últimas décadas, se posicionava contra a ideia de que ler "Harry Potter" seria uma boa porta de entrada para a literatura. "Se isso é o que as crianças estão lendo aos 9, 10, 11 anos, então aos 12, 13 elas lerão Stephen King, um escritor horrível, deplorável. É o que elas estarão preparadas para ler", disse, na época. Isso vem ao caso ao abrirmos a ficção "Alguém Sobrevive Nesta História", primeiro livro do cineasta brasileiro Felipe Poroger, cujo narrador é tão aficionado ao personagem que pede aos amigos que o chamem de Harry.