O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump indicou que não protegeria os aliados da Otan, a aliança militar ocidental, de uma possível invasão da Rússia se os países atrasarem pagamentos ou não cumprirem as metas de gastos com defesa.Trump disse ter alertado os membros da Otan de que encorajaria os russos a fazer "o que diabos eles quisessem" se os integrantes da aliança não atingirem os números estabelecidos.Os comentários foram feitos no sábado (10) durante um comício de campanha na Carolina do Sul e evidenciam o risco de fratura no pacto militar do Atlântico Norte caso Trump ganhe um novo mandato na Casa Branca.Leia também:- Como fica a corrida por vaga republicana nos EUA após saída de DeSantis- Trump é 'claro favorito do outro lado', diz Biden após votação recorde em Iowa- Americanos madrugam sob frio de 2º C por vaga em sessão sobre Trump na Suprema CorteO ex-presidente dos EUA, que há muito tempo critica a Otan e que tinha relações próximas com o presidente russo, Vladimir Putin, disse a apoiadores que a aliança "estava quebrada" até ele assumir a Presidência, em 2017.Aparentemente relembrando uma reunião com líderes da aliança, ele mencionou o presidente de "um grande país", sem especificar qual, que o teria questionado sobre o apoio de Washington em caso de uma agressão russa. "Se não pagarmos e formos atacados pela Rússia, você nos protegerá?", teria perguntado o líder, segundo Trump."Eu disse: 'Vocês não pagaram? Vocês estão inadimplentes?' Ele disse: 'Sim, digamos que isso aconteceu.' Não, eu não os protegeria. Na verdade, eu os encorajaria [os russos] a fazer o que diabos quisessem. Vocês têm de pagar", afirmou o republicano.O governo do atual presidente, Joe Biden rechaçou os comentários feitos por Trump, descrevendo-os como "chocantes e desequilibrados". Um porta-voz da Casa Branca disse que "encorajar invasões de regimes assassinos" a países aliados de Washington coloca em perigo a economia e a segurança americana, além da estabilidade global.Os comentários de Trump são um sinal de que, caso eleito presidente novamente, ele pode ameaçar o compromisso com a defesa mútua que está no cerne da aliança da Otan, num momento em que os temores em relação à Rússia aumentaram após a guerra contra a Ucrânia.Recentemente, o ex-presidente pressionou o Congresso americano para se opor à aprovação de novos pacotes de ajuda a Kiev.O tratado da Otan contém uma cláusula que garante a defesa mútua dos estados membros se um deles for atacado. Trump, favorito à indicação presidencial republicana, foi um crítico ferrenho da Organização do Tratado do Atlântico Norte quando era presidente, ameaçando repetidamente sair da aliança.Ele diminuiu o financiamento de defesa para a Otan e frequentemente reclamava que os EUA estavam pagando mais do que sua parcela justa.Sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, Trump pediu a desescalada e reclamou dos bilhões gastos até agora. Desde a invasão em larga escala de Moscou em fevereiro de 2022, a ajuda dos EUA à Ucrânia totalizou cerca de US$ 75 bilhões, enquanto outros membros da Otan e estados parceiros combinados forneceram mais de US$ 100 bilhões.