Gabriel García Márquez, ao escrever Cem Anos de Solidão, afirmou que o livro era o seu Dom Quixote. Essa comparação entre duas das obras mais influentes da literatura mundial não é apenas uma observação literária, mas também um convite para refletirmos sobre as conexões entre a ficção e a condição humana, os temas universais que atravessam o tempo e as culturas. Ambos os romances possuem aspectos comuns e, ao mesmo tempo, características que os tornam únicos e insubstituíveis. Escrito por Miguel de Cervantes no início do século XVII, Dom Quixote é considerado o primeiro romance moderno. Ele conta a história de um homem chamado Alonso Quixano, que, imerso em livros de cavalarias, decide se transformar em Dom Quixote, um cavaleiro andante. A obra brinca com a linha tênue entre a loucura e a razão, e suas aventuras com o fiel escudeiro Sancho Pança são uma reflexão profunda sobre o idealismo, o absurdo da vida e as contraditórias relações entre a realidade e a fantasia. O romance de Cervantes não é apenas uma crítica às novelas de cavalaria populares na época, mas também uma crítica social e uma reflexão sobre a natureza humana. Quixote, ao se afastar da realidade para seguir suas próprias ideias de honra e justiça, nos apresenta um mundo onde a imaginação transcende as limitações físicas e sociais. O romance mistura humor, tragédia e crítica social, criando um dos maiores personagens literários, que desafia tanto os outros personagens como o próprio leitor a refletir sobre o valor das ilusões e da realidade.