A holding familiar tem se mostrado uma solução eficiente para a organização patrimonial e o planejamento sucessório no Brasil. No Tocantins, em 2025, essa ferramenta ganha ainda mais relevância, visto que o estado é reconhecido como a última fronteira agrícola do país e se consolida como um epicentro de grandes negócios. O agronegócio, motor econômico da região, cria oportunidades únicas para empresas familiares, que podem usar a holding como estratégia essencial para estruturar seu crescimento e proteger seus bens de forma sustentável.

No contexto tocantinense, onde propriedades agrícolas, maquinários e tecnologias agroindustriais são ativos valiosos, a holding familiar centraliza a gestão do patrimônio em uma pessoa jurídica. Essa estrutura não apenas organiza os bens, mas também garante uma administração mais eficiente, evitando conflitos e promovendo a longevidade dos negócios. É importante ressaltar que a holding deve ser usada de maneira ética e legal, sem a intenção de esconder bens ou evitar o pagamento de dívidas.

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Famílias do agronegócio enfrentam desafios complexos na sucessão de seus bens, e a holding surge como uma solução estratégica. Ao transferir ativos para a empresa e distribuir cotas entre os herdeiros, elimina-se a necessidade de inventários demorados e dispendiosos, preservando o alinhamento dos objetivos familiares. Estratégias como a doação de cotas com reserva de usufruto permitem que os patriarcas mantenham o controle dos bens enquanto organizam a transição para os herdeiros, assegurando continuidade e eficiência.

Outro benefício relevante é a redução da carga tributária, especialmente significativa no Tocantins, onde a valorização de terras e investimentos no agro aumentam o peso dos tributos. A legislação brasileira permite que tributos como o ITBI sejam otimizados dentro da legalidade em operações que envolvam a holding, gerando economia e maior competitividade para as empresas familiares. Contudo, a criação da holding exige um planejamento detalhado e a orientação de profissionais especializados para que todas as normas legais sejam cumpridas.

A holding familiar no Tocantins reflete um compromisso com a preservação do patrimônio e o desenvolvimento sustentável das empresas. À medida que o estado se fortalece como centro de negócios e inovação no agronegócio, as famílias empresárias encontram nessa ferramenta uma oportunidade para consolidar seus ativos e maximizar o potencial econômico da região. Com planejamento, visão estratégica e respeito às leis, a holding familiar transforma o crescimento econômico do Tocantins em um legado sólido para as próximas gerações.

Otávio de Oliveira Fraz é advogado especialista em Direito Tributário e Arbitragem, professor e Palestrante,com certificação executiva em vendas de alto impacto pela Universidade Central do Missouri. Sócio administrador do escritório Fraz Advocacia – Advogados Associados.

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Planejamento Sucessório no Tocantins: A Transformação do Agro com a Holding Familiar

Opinião

Opiniao - título

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Matéria - Opiniao - JTO

Otávio de Oliveira Fraz

As grandes metáforas da literatura transcendem o literal para revelar camadas profundas de significado, conectando o leitor a realidades simbólicas e universais. Essas construções literárias, empregadas com maestria por autores consagrados, transformam personagens, cenários e situações em representações de conceitos, emoções humanas e complexidades sociais.

Gabriel García Márquez, mestre do realismo mágico, utiliza metáforas poderosas em Cem Anos de Solidão, imortalizando personagens e cenários que simbolizam a condição humana e a história da América Latina. O Coronel Aureliano Buendía, com suas 32 revoluções fracassadas, é uma metáfora da futilidade das lutas políticas quando divorciadas de suas raízes populares. Ele simboliza a obstinação e a solidão do poder, refletindo a trajetória de líderes revolucionários que, mesmo imersos em suas causas, acabam desconectados de suas origens. Úrsula Iguarán, a matriarca da família Buendía, é uma metáfora do tempo cíclico e da força vital que mantém a família unida apesar das adversidades. Sua longevidade e resiliência representam a memória e a tradição que resistem ao passar das gerações. Além disso, Macondo, a aldeia fictícia, é uma metáfora da América Latina: isolada, mágica, e marcada por ciclos de esplendor e decadência.

No Brasil, Machado de Assis foi um dos grandes mestres do uso de metáforas para desvendar as fraquezas e contradições da alma humana. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o autor utiliza o "emplasto" como uma metáfora das soluções ilusórias que mascaram as dores da existência. O protagonista, ao narrar sua história do além, representa a ironia da vida e a busca pelo significado mesmo diante do absurdo da morte. Outro exemplo marcante é o conto O Alienista, onde a Casa Verde, criada para tratar da loucura, transforma-se em uma metáfora do controle social e do poder arbitrário da ciência, questionando os limites entre sanidade e loucura.

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Franz Kafka é famoso por suas metáforas que retratam a alienação e o absurdo da existência. Em A Metamorfose, a transformação de Gregor Samsa em um inseto é uma metáfora visceral do isolamento e da desumanização que permeiam as relações familiares e sociais. A metáfora reflete também a fragilidade da identidade humana diante de circunstâncias opressoras.

George Orwell, em 1984, constrói uma metáfora aterradora do totalitarismo. O Grande Irmão simboliza o poder absoluto e invasivo, enquanto os conceitos de "duplipensar" e "novilíngua" são metáforas da manipulação ideológica e da supressão do pensamento crítico. Orwell utiliza essas imagens para explorar os perigos do autoritarismo e a fragilidade da verdade em regimes opressivos.

Virginia Woolf, em O Farol, emprega o farol como uma metáfora da constância em meio ao fluxo do tempo e das emoções humanas. O farol simboliza um ponto fixo em um mundo em constante mudança, refletindo as aspirações e os conflitos internos dos personagens. A narrativa, que mistura introspecção e simbolismo, transforma objetos cotidianos em metáforas da busca pelo significado. 
Esses exemplos ilustram como as metáforas transcendem a narrativa, permitindo aos autores capturar verdades universais e conectar-se às emoções dos leitores. De Gabriel García Márquez a Machado de Assis, passando por Kafka, Orwell e Woolf, a literatura nos ensina que as palavras, quando usadas como metáforas, têm o poder de revelar o que é invisível aos olhos. Elas criam pontes entre o real e o simbólico, oferecendo ao leitor uma experiência rica e transformadora. Afinal, como diria o próprio García Márquez, a literatura não é sobre contar o que aconteceu, mas sobre recriar o mundo com o poder das palavras.

Grandes metáforas da literatura

Salatiel Soares Correia

Carlos Drummond de Andrade e Gabriel García Márquez, dois gigantes da literatura latino-americana, expressaram em suas obras visões profundas e sensíveis sobre temas como decadência, subdesenvolvimento e solidão. Embora oriundos de contextos culturais e históricos diferentes — Drummond do Brasil e García Márquez da Colômbia —, ambos encontraram em suas experiências de infância e na relação com suas cidades natais o material para reflexões universais. 
No poema Cidadezinha Qualquer, Drummond descreve com uma simplicidade quase ingênua a vida em uma pequena cidade do interior. A lentidão das figuras que “vão devagar” — o homem, o cachorro, o burro — e a imobilidade das “janelas que olham” pintam um retrato de um lugar estagnado, onde o tempo parece quase parado. Essa imagem de monotonia e isolamento reflete não apenas a experiência de Itabira, cidade natal do poeta, mas também a condição de muitas cidades brasileiras marcadas pelo subdesenvolvimento, onde as perspectivas de mudança e progresso são mínimas.

Drummond, contudo, não apresenta a decadência de forma explícita. Sua abordagem é sutil, quase lírica, deixando que o leitor perceba a melancolia subjacente. Há uma solidão implícita na paisagem humana e urbana, onde o silêncio e a monotonia dominam, como se a própria terra carregasse o peso de sua história.

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Já Gabriel García Márquez, em seu retorno a Aracataca descrito no livro García Márquez: História de um Deicídio, de Mario Vargas Llosa, adota um tom mais direto e visual. A cidade de sua infância, outrora cheia de vida, é apresentada como um lugar “carcomido pelo tempo e pela pobreza”. A decadência não é apenas estética, mas simbólica: móveis envelhecidos, casas deterioradas e o calor sufocante compõem uma paisagem de abandono. Márquez traduz em palavras o impacto emocional de encontrar sua memória confrontada com a dura realidade de um lugar que não apenas parou no tempo, mas foi consumido por ele.

A diferença entre os dois autores reside, em grande parte, na forma como abordam a decadência e a solidão. Drummond trabalha com a sutileza e a metáfora, enquanto García Márquez usa imagens concretas e detalhadas para transmitir a degradação e o peso do subdesenvolvimento. Em ambos, contudo, há uma profunda melancolia: para Drummond, a solidão é o silêncio da cidade que olha mas não responde; para García Márquez, é o pó sufocante de uma Aracataca esquecida pelo mundo.

Outro ponto de convergência entre os dois autores é a ligação entre memória e espaço. Tanto Itabira quanto Aracataca são mais do que simples localidades; elas são representações da infância e, por extensão, de um mundo que se perdeu. No caso de Drummond, a infância é evocada de maneira idealizada, mas marcada pela constatação de que o tempo e a modernidade transformaram o Brasil. Para Márquez, a infância é revisitada com um olhar crítico, revelando a desigualdade e o abandono que definem o destino de muitas cidades latino-americanas.

Esses olhares, apesar de distintos, convergem em uma reflexão comum sobre o subdesenvolvimento como um ciclo de estagnação. Drummond e Márquez nos mostram que a decadência não é apenas uma condição física, mas também psicológica e cultural. Suas obras transcendem o contexto local, tornando-se espelhos das dores, esperanças e desilusões de toda uma região marcada pela luta contra o atraso e pela busca de um futuro melhor.

Em resumo, Drummond e García Márquez são vozes que, embora diferentes em estilo e abordagem, dialogam profundamente sobre os mesmos temas. Enquanto Drummond encontra na melancolia da cidadezinha qualquer um eco de nossa solidão universal, García Márquez confronta a dura realidade da decadência com o lirismo de um observador que jamais deixou de amar o lugar de onde veio. Ambos nos convidam a olhar para dentro, reconhecendo nos espaços que habitamos — ou deixamos para trás — as marcas de nossa própria história.

Essa análise complementar entre os dois escritores também evidencia como a literatura pode ser uma poderosa ferramenta de crítica social. Tanto Drummond quanto García Márquez utilizam suas obras para transcender o particular e dialogar com questões mais amplas da América Latina, região frequentemente negligenciada ou representada de forma estereotipada. Ao transformarem cidades como Itabira e Aracataca em microcosmos, eles nos ajudam a compreender os desafios estruturais e as heranças históricas que moldam as sociedades periféricas.

No caso de Drummond, sua obra carrega uma reflexão implícita sobre o impacto da modernização desigual no Brasil. Enquanto as grandes cidades experimentavam o crescimento industrial, os pequenos municípios permaneciam paralisados, presos em uma economia de subsistência e em uma cultura de isolamento. Em Cidadezinha Qualquer, o poeta não denuncia diretamente essa disparidade, mas a quietude e o ritmo lento sugerem o abandono de um lugar onde o progresso nunca chegou.

García Márquez, por sua vez, não economiza nas imagens cruas para descrever os efeitos do tempo e do esquecimento em Aracataca. A poeira, o calor insuportável e os móveis envelhecidos são mais do que descrições: são símbolos de um sistema que negligencia as periferias em favor dos centros de poder. A narrativa do escritor colombiano não é apenas um lamento pessoal, mas também uma denúncia das desigualdades que persistem em muitas partes da América Latina, onde o passado glorioso de algumas cidades é substituído pela realidade dura do presente.

Ambos os autores lidam com a solidão de maneiras complementares. Para Drummond, a solidão é silenciosa, quase conformada, refletindo o ritmo da vida nas pequenas cidades mineiras. Em Márquez, a solidão é mais gritante, mais visceral, representada pelo calor opressivo e pela poeira que sufoca. No entanto, ambos conectam essa solidão à ausência de perspectivas, à falta de mudança que condena os habitantes a uma existência cíclica, onde o tempo não avança, mas apenas desgasta.

A comparação entre Drummond e García Márquez também nos leva a refletir sobre como a literatura pode criar pontes entre diferentes culturas. Apesar de suas origens distintas, os dois escritores partilham uma visão que transcende fronteiras, apontando para uma experiência comum de decadência, subdesenvolvimento e solidão na América Latina. Suas obras, ao mesmo tempo líricas e críticas, revelam que essas questões não são apenas locais, mas universais, e nos convidam a olhar para elas com empatia e urgência.

Assim, tanto Drummond quanto García Márquez nos deixam legados literários que vão além do estético. Eles nos desafiam a confrontar as realidades das cidades esquecidas, a valorizar as memórias que elas guardam e a buscar, em meio à decadência, formas de reimaginar o futuro. Suas palavras continuam ecoando, lembrando-nos de que, por mais que o tempo e o pó possam corroer, a literatura é uma janela que nunca deixa de olhar e sonhar.

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A decadência, o subdesenvolvimento e a solidão nos olhares de Carlos Drummond de Andrade e Gabriel García Márquez

Charge - 21 de janeiro de 2025

Matéria - genérica

Jorge Braga

A leitura, hábito frequentemente exaltado por educadores com o intuito de fomentar o gosto pela leitura em crianças e adolescentes, tem sido objeto de inúmeros estudos que investigam seus efeitos benéficos. O que será que a Ciência tem conseguido observar? A resposta é que a atividade da leitura, dentre os seus diversos efeitos positivos, é um dos melhores exercícios para o cérebro e o melhor para a formação e manutenção da memória. Para este artigo, selecionamos argumentos presentes em dois livros da Neurociência, A arte de esquecer: cérebro e memória, e Memória, escritos pelo renomado neurologista Ivan Antonio Izquierdo, que é um dos pesquisadores brasileiros mais citados no mundo.

A leitura é um exercício para o cérebro, semelhante à maneira como o exercício físico beneficia os músculos. Para que o cérebro se desenvolva e permaneça saudável, ele deve ser continuamente desafiado e estimulado. O oposto, o sedentarismo cerebral, não somente impede o seu desenvolvimento como também pode resultar em doenças. De acordo com Izquierdo, a leitura envolve uma gama diversificada de funções cerebrais que ativa simultaneamente memórias visuais, de linguagem e motoras. Por exemplo, ao ler o título deste artigo, você não percebeu, mas seu cérebro realizou uma varredura poderosa de todas as palavras que ele possui e o fez em uma velocidade impressionante. Agora pare e pense: em uma fração de segundos o seu cérebro fez uma varredura de todas as palavras que ele possui, e isso envolveu não apenas uma parte, mas todo o seu cérebro. Que exercício incrível! Atividades como resolver palavras cruzadas ou assistir a um filme sem mudar de canal também oferecem benefícios, mas nenhuma é tão poderosa quanto a leitura, pois apenas ela exige um alto nível de atividade cognitiva em tão pouco tempo.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://www.jornaldotocantins.com.br/opiniao/tendencias-e-ideias/as-macondos-tocantinenses-1.3220178" target="_blank">As Macondos Tocantinenses</a> 
<a href="https://www.jornaldotocantins.com.br/opiniao/tendencias-e-ideias/tocantins-meu-rio-e-meu-estado-1.3219508" target="_blank">Tocantins: meu rio e meu estado!</a></div>

Os benefícios da leitura vão além do ato de ler; eles também se estendem a quem escuta com atenção. Pense, por exemplo, em pessoas cegas ou crianças que ainda não foram alfabetizadas. Izquierdo destaca que essas pessoas também podem colher os bons frutos da leitura. Um exemplo nesse sentido é o do escritor argentino Jorge Luis Borges, que, ao perder gradualmente a visão, ficou totalmente cego aos 55 anos. Apesar dessa limitação, Borges manteve-se produtivo até o fim de sua vida, aos 86 anos, graças à leitura feita por outras pessoas, como sua mãe e seu assistente, o também escritor Alberto Manguel, à época adolescente. Esses leitores não apenas liam para Borges, mas também escreviam os textos que ele ditava em voz alta, demonstrando que os benefícios da leitura podem ser compartilhados de diversas maneiras, estimulando o cérebro e a criatividade tanto de quem lê quanto de quem escuta.

Por fim, é importante notar que a leitura pode, inclusive, prevenir doenças, como o Alzheimer. Porém, como pontua Izquierdo, em leitores assíduos, quando o Alzheimer acontece, o hábito da leitura costuma retardar o aparecimento da doença. Fica claro, então, que o exercício da leitura oferece benefícios a curto e a longo prazo, o que deve incentivar tanto aos pais quanto aos educadores, e a sociedade de um modo em geral a investir na criação e manutenção do hábito da leitura entre as crianças e aos adolescentes, sabendo que este é um dos melhores presentes que podem oferecer para os seus jovens cérebros – que vão iluminar os caminhos do nosso futuro!

Francisco Neto Pereira Pinto é professor, escritor e psicanalista. Doutor em Ensino de Língua e Literatura e graduado em Letras - Português / Inglês, leciona no programa de pós-graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal do Norte do Tocantins e nos cursos de Medicina e Direito do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos. Membro da Academia de Letras de Araguaína - Acalanto, publicou os livros: O gato Dom, Você vai ganhar um irmãozinho, Saudades do meu gato Dom e À beira do Araguaia.

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