Num projeto de poder partidário, e não de Estado, o PT está disposto a derrubar uma tradição na Câmara dos Deputados: o direito de bancadas, pelo número de congressistas, terem prioridade na escolha do comando de comissões temáticas. Presidente do Senado, Davi Alcolumbre endossou isso e na Casa Alta está tudo resolvido. Mas na Câmara, o presidente Hugo Motta já tem dor de cabeça. A estratégia do líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), é tumultuar ao máximo todo o processo de escolha dos presidentes das 30 comissões. O PT não aceita que o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), indicado pelo PL, assuma a Comissão de Relações Exteriores. Chegou a propor a Educação em troca desta. Nada feito. Bolsonaro bate pé. A CREDN é uma vitrine internacional com acesso a eventos oficiais em centenas de países, e os petistas temem que Bolsonaro use a agenda para atacar o Governo Lula da Silva III. Outro fato é que o comando da CREDN terá acesso a contratos firmados pela Agência Brasileira de Cooperação com a Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional (USAID). A ABC é a responsável pelos acordos de cooperação da USAID no Brasil. E quem controlar a Comissão também terá acesso, como fiscalizadora, aos trabalhos da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).