Para o professor e pesquisador Romualdo Pessoa, da Universidade Federal de Goiás (UFG), a Guerrilha do Araguaia, que teve parte dos eventos desenrolados na região da cidade de Xambioá, distante cerca de 500 km de Palmas, aconteceu em uma conjuntura “marcada pela repressão e o endurecimento nas relações (dos militares) com os setores organizados da sociedade”.O pesquisador, que em 2009 foi convidado para participar das investigações sobre os desaparecimentos dos guerrilheiros, escreveu seus trabalhos de mestrado e doutorado sobre a guerrilha. “Participei também do Grupo de Trabalho Araguaia desde 2010, acompanhando as escavações de peritos nos cemitérios da região”, explica.ContextoSegundo Pessoa, durante a repressão militar, nas cidades espalhavam-se organizações de esquerda que decidiram reagir com armas nas mãos ao cerceamento das liberdades políticas pela ditadura. Já o PCdoB, partido que organizou a Guerrilha no Araguaia divergia quanto à ação armada nas cidades, por considerar que a ação repressiva era muito violenta, eficaz e organizada. “Propunha deflagrar o movimento de reação à ditadura, com armas nas mãos, pelo interior do país, em regiões onde fosse mais difícil reprimir a militância”, explica o pesquisador.OsvaldãoDe acordo com Pessoa, desde 1966 alguns militantes começaram a se deslocarem para a região. O primeiro deles, e o que seria mais famoso, foi Osvaldo Orlando da Costa, que fico conhecido como Osvaldão. “Nos contatos com os moradores da região, feitos ao longo de mais de uma década, fomos conhecendo desde lendas que davam ao Osvaldão e a Dina - guerrilheiros mais conhecidos - poderes sobrenaturais, até fatos reais, de intensos sofrimentos devido à forma como eles foram tratados pelos militares.-Imagem (Image_1.509609)